segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA: UMA REFLEXAO SOBRE AS PRÁTICAS EDUCATIVAS ATUAIS
Postado por: Ione Abreu


Manter a disciplina na sala de aula é, sem dúvida, uma arte que poucos educadores conseguem dominar. Mas, para tanto, é necessário antes de tudo compreender o que vem a ser disciplina.
De acordo com Furlani (1995, p.43), existem três concepções de professores no que diz respeito à forma que estes entendem a disciplina, as expectativas em relação ao seu papel e dos alunos. São elas: O professor controlador que entende a disciplina com o sentido de controle exterior dos alunos; o professor facilitador que associa disciplina com alguma forma de organização de aula, autodomínio dos professores e alunos e a concentração de esforços do professor na gratificação ou “reforço positivo” para os alunos; e ausência de comportamento, onde a concepção de disciplina não é associada a nenhum valor, pois o professor passa essa responsabilidade para os alunos e a aula se transforma em um caos.
Em qualquer situação de ensino/aprendizagem, o professor como facilitador do desempenho dos alunos, que usa estratégias de associação de disciplina com o autodomínio dos professores e alunos em sala de aula, é o ideal. Para tanto, o professor deve deixar claro aos alunos que a disciplina é um trabalho de todos na sala de aula. As “regras” deverão ser estabelecidas por ambas as partes, levando em conta o consenso da maioria do grupo para que a cobrança possa ser efetuada também para ambas as partes, e tais regras devem estar sempre sujeitas à mudanças e adaptações. Constrói-se a melhor forma de acordo com a necessidade, assim, tanto o professor quanto o aluno terão direitos e obrigações uns com os outros.
Um indivíduo disciplinado não é aquele que se submete às regras sem questioná-las, mas aquele que organiza sua própria experiência e aprende de um jeito original e específico. A qualidade de uma instituição escolar depende em grande parte do modo pelo qual ela enfoca o processo de condução das atividades que se desenvolvem nas classes, pois, ali não é somente o lugar onde se realiza o processo de ensino-aprendizagem, como também, o lugar que traz sempre o momento oportuno para se desenvolver e promover os valores humanos nos alunos. Essa qualidade depende, sobretudo, também da capacidade dos professores estimularem o esforço dos alunos.
A disciplina é um hábito interno que facilita a cada pessoa o cumprimento de suas obrigações, é um autodomínio, é a capacidade de utilizar a liberdade pessoal, isto é, a possibilidade de atuar livremente superando os condicionamentos internos ou externos que se apresentam na vida cotidiana.
Em uma sala de aula não existem problemas de disciplina, há alguns alunos com problemas, e cuja formação é preciso atender de uma maneira particular. Para um real processo educativo a solução não é excluir os que atrapalham e sim atender a cada um segundo suas necessidades pessoais.
O mau comportamento é com freqüência, conseqüência de condições desfavoráveis do mesmo ambiente escolar que está atuando sobre os alunos: locais e mobiliários inadequados, falta de unidade e critério dos professores, e sobre eles devem centrar-se inicialmente a atenção antes de tomar medidas mais drásticas e também atuar com a família e com o próprio aluno.
São fundamentais que os professores sejam amantes de sua profissão, comprometidos com a produção do conhecimento em sala de aula, que desenvolvam com seus alunos um vínculo muito estreito de amizade e respeito mútuo pelo saber e que não meçam esforços para levar os seus alunos à ação, à reflexão crítica, à curiosidade, ao questionamento e à descoberta.
A questão central não deve estar na disputa entre o professor e o aluno, mas na organização do trabalho coletivo em sala de aula para se realizar da construção do conhecimento, quando o professor é o articulador da proposta, o coordenador do processo de aprendizagem e deve assumir seu papel de agente histórico de transformação da realidade, por meio de um ensino exigente e inteligente.

Aparecida Carneiro de Araújo
Divani Alves Bezerra Moreira

Referências
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. (Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI). São Paulo: Cortez, 1998.
ESTRELA, M. Tereza. Relação Pedagógica, Disciplina e Indisciplina na Aula. Porto: Porto Editora, 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Nenhum comentário:

O mistério do "Aprender".